Foto: Rolls Press, Popperfoto/Getty Images

SE PELÉ ERA 10, EDU ERA 11!

por Bruno Assis

Na época romântica do futebol, os times jogavam com jogadores de ataque aberto pelas laterais, chamados de pontas.

Esses pontas costumavam ser velozes e dribladores. Havia grandes embates contra os laterais viris na época.

Havia um ponta-esquerda fenomenal, não era tão rápido, mas tinha uma habilidade absurda com a bola nos pés. O couro parecia que andava colado aos pés de Jonas Eduardo Américo.

O rei Pelé chegou a dizer que nunca viu ninguém dominar a bola como o ponta-esquerda Edu. Dribles curtos e desconcertantes, era irresistível quando vinha carregando a bola.

Veio de Jaú para a Vila Belmiro ainda bem jovem, e jogar naquele time não era tarefa fácil. Era prodígio, estreia no Santos com 15 anos de idade

Havia o goleador Pepe e o arisco Abel vindo do America. O Edu era tão bom que jogava improvisado em outras posições no ataque, até se firmar mesmo com a camisa 11.

Era ambidestro, jogava com igual desenvoltura nas duas pontas. Era um pavor para qualquer lateral, e um assombro para qualquer zagueiro.

Foi tão fenomenal, que é dele o recorde do jogador brasileiro mais jovem a ser convocado para uma Copa do Mundo. Foi com a seleção para Inglaterra em 1966 com 16 anos de idade. Superando Pelé em 1958.

Para muitos, foi o maior ponta-esquerda de todos os tempos. Era ele o titular das “Feras do Saldanha” na preparação para a Copa de 70. Só que o Zagallo entra, e ele nunca gostou de ponta-esquerda aberto. Preferia jogador igual ele foi. Um ponta que fechasse para o meio. Ou seja, ele prefere o Rivellino, um meia-esquerda de origem, do que o Edu, que era um legítimo ponta.

Inclusive foi um dos fatores dele ter tido sua brilhante carreira abreviada. Alguns técnicos mais modernos cobravam dele disposição para voltar e ajudar na marcação. Só que o Edu não era domesticado. O futebol dele era selvagem, solto e livre como um pássaro. Lembrando inclusive um certo garrincha.

Infelizmente o Edu tinha uma facilidade em ganhar peso, situação que o deixava mais lento. Só que para muitos, o Edu não precisava correr. Basta passar a bola para ele e deixar a magia acontecer. “Ah, mas ele só joga com a bola no pé”, diziam os críticos, querendo dizer que ele não contribuía mais para o clube.

Muitos clubes queriam “ter esse tipo de problema”. Muitas propostas chegaram, mas o Corinthians chegou com uma oferta maior e levou o lendário ponta Edu para o Parque São Jorge.

Ajudou o clube a conquistar o seu título mais emblemático da história, após quase 23 anos sem conquistas estaduais, o Edu contribui para a histórica campanha do Timão.

Depois passou por outros clubes como o Internacional de Porto Alegre, mas sem mais com o mesmo brilhantismo.

Quando terminou a carreira, jogou nos Masters do Brasil. Sendo considerado o melhor jogador da equipe brasileira. Garrincha, que se apresentava com ele no Millonarios, disse que o Edu ainda jogava mais bola do que qualquer ponta que jogava na seleção brasileira atual. Isso foi em 1981, às vésperas da Copa.

Garrincha se via nele, ele se via no Garrincha. Ambos gostavam da bola, do jogo, da ginga, da finta, do drible, do improviso, da arte, da magia… Parece que essas espécies têm mesmo vida curta nos ares do ludopédio!